Na Língua Portuguesa, os prefixos aparecem antes das palavras para transformar o sentido do radical. No caso do prefixo "re", ele serve para marcar a repetição ("recarregar", ou seja carregar novamente), para reforçar (como em "revigorar", aumentar o vigor) e como retrocesso ou recuo ("reiniciar", voltar ao início). De uns tempos pra cá, um uso bastante difundido deste prefixo é o da reeducação alimentar, um novo jeito de ensinar as pessoas a comerem. Bom, se as pessoas têm que reaprender a comer, a gente parte do princípio de que elas aprenderam da forma errada, né? E aí é que vem todo o xis da questão: como pais, qual a nossa responsabilidade na educação alimentar dos nossos filhos? Quais são os fatores que interferem diretamente nessa educação?
Eu já escrevi aqui como nossos hábitos são espelhos pros nossos filhos, e a cada dia tenho ainda mais certeza da influência diária da nossa postura. Acredito também que o que a criançada pede e quer comer tem a ver com o que recebem de incentivo dos inúmeros comerciais de TV, inclusive em canais de programação infantil - bombardeios covardes de puro consumo em um público que ainda não tem discernimento para se defender (pra quem discorda da relação TV x consumo infantil, vale uma olhada no vídeo Criança, a alma do negócio, da diretora Estella Renner, ou nas ações e discussões propostas pelo projeto Criança e Consumo, do instituto Alana).
A TV, aliás, tem outra "função" para além dos comerciais, desenhos agressivos e etc... na formação das nossas crianças. Numa nova dinâmica social, muitos de nossos filhos não têm a chance de crescer brincando nas ruas, empinando pipa, andando de bicicleta, brincando de corre-corre ou amarelinha... ou seja, deixam de realizar atividades saudáveis, para se manterem prostrados em frente aos televisores (computadores, videogames, ou o que seja). Muitas vezes, "saboreando" o momento com guloseimas típicas do mundo moderno: bolachas recheadas, chocolates, salgadinhos... tudo muito "prático".
Claro que é muito difícil criar um filho numa bolha e não deixá-lo comer isso ou aquilo (isso pros maiores, porque com bebês dá, sim). Também não sou radical em achar que criança não pode ver TV de jeito nenhum (sou praticante do "caminho do meio", sempre consciente das nossas ações). Ainda assim, tudo tem que ter limite. Não dá pra deixar que a TV sirva de babá eletrônica com filhos horas a fio em atividades sedentárias e querer crianças saudáveis! (e aí olha a armadilha: são essas mesmas crianças que depois, adolescentes, fazem apologia à anorexia para se sentirem aceitos, já que essa mesma mídia explora imagens de pessoas magras (magérrimas, por sinal) como sendo o único padrão de beleza possível). Enfim, é pano pra manga.
Por isso fiquei feliz de saber que o programa dominical Fantástico levará ao ar, a partir deste domingo (01/04), a série "Medidinha Certa", a versão infantil de reeducação alimentar pela qual passaram Zeca Camargo e Renata Ceribelli, com a supervisão do preparador físico Marcio Atalla.
Quem acompanhou o desafio dos apresentadores viu que a ideia do quadro nunca foi buscar a magreza a qualquer preço, mas explicar o quanto uma alimentação saudável, aliada à prática constante de exercícios, faz toda a diferença pro bem-estar das pessoas - a perda de peso é consequência dessa postura. Nenhum dos dois apareceu magérrimo três meses depois, aliás, Ceribelli continua exibindo suas curvas reais e femininas no programa. A página oficial do Medidinha Certa de cara nos alerta sobre o aumento da obesidade infantil das crianças brasileiras, como diz Atalla:
“Este é um tema urgente: três em cada dez crianças brasileiras têm problemas de sobrepeso e, nos últimos 20 anos, cresceu em 200% o número de crianças obesas no país”.
Na verdade, é um problema quase crônico, que assombra boa parte das crianças no mundo. Para não ser considerado crônico, depende da nossa ação. Estamos falando aqui de mudanças de hábitos - nossos, dos nossos filhos, netos... O assunto obesidade, erroneamente só tachado por muitos como uma questão estética, é antes de tudo uma questão de saúde. Pode ser que o quadro do programa não seja unanimidade entre pais, educadores, nutricionistas & afins, mas ao meu ver levar o tema ao horário nobre já é um grande avanço. No mais, dá pra dar pitacos nas matérias pela internet.
Ainda sobre alimentação infantil, indico dois sites que sigo e que gosto muito: Comer para Crescer, da Mônica Brandão e Patrícia Cerqueira, e o Crianças na Cozinha, da Pat Feldman. Tem também uma ação muito legal chamada Do Peito à Panela, da Fabíolla Duarte, que recentemente começou o trabalho Colher de Pau, um grupo de apoio semanal destinado à melhoria da alimentação familiar.
Em casa nunca compramos papinhas industrializadas (doces ou salgadas), e a introdução alimentar foi recheada de frutas, verduras e legumes. Depois de algumas bolachas de maizena, pra ficar coçando a gengiva quando ainda não tinha dentes, Nina come bolachas de aveia, mel, cacau... Yogurte, batemos o natural com mel com frutas (uma delícia!). Sucos, só naturais, sem açúcar (quando precisamos dar de caixinha, procuramos os "sem adição de açúcar") ou de soja. E assim vamos seguindo... se ela já comeu doces? Bom, ela vai pra escolinha, não tenho como ter 100% de controle, embora a gente peça para que não seja oferecido. Mas sei que, da nossa parte, entre erros e acertos, estamos fazendo o melhor, dentro do que nos é possível.
Em casa nunca compramos papinhas industrializadas (doces ou salgadas), e a introdução alimentar foi recheada de frutas, verduras e legumes. Depois de algumas bolachas de maizena, pra ficar coçando a gengiva quando ainda não tinha dentes, Nina come bolachas de aveia, mel, cacau... Yogurte, batemos o natural com mel com frutas (uma delícia!). Sucos, só naturais, sem açúcar (quando precisamos dar de caixinha, procuramos os "sem adição de açúcar") ou de soja. E assim vamos seguindo... se ela já comeu doces? Bom, ela vai pra escolinha, não tenho como ter 100% de controle, embora a gente peça para que não seja oferecido. Mas sei que, da nossa parte, entre erros e acertos, estamos fazendo o melhor, dentro do que nos é possível.
Em tempo: uma amiga querida, a Caroline Cardozo, é uma das produtoras do quadro e isso foi o que me incentivou a escrever o post de hoje. Depois, quem tiver críticas ou sugestões, pode postar aqui que repasso pra ela, com o maior prazer.