Eu já tinha ouvido falar do livro A Criança Terceirizada (ainda não li) e lido uma entrevista com o Dr. José Martins Filho, autor do livro. Aí hoje assisti à entrevista realizada pela Webfilhos e me identifiquei demais... #soumãeapegada.
(imagem da stock.exchng)
No começo da semana a Cris Guimarães, do blog Eu, eu mesma e a outra, levantou o assunto "terceirizar" com um post no grupo Mulher e Mãe sobre o texto Para dedicar tempo aos filhos, é preciso deixar outras coisas de lado, uma entrevista da Isabel Clemente (sempre certeira, como já tinha postado aqui!) com o sociólogo, jornalista e especialista em vínculos humanos Sérgio Sinay. Basicamente, a história é a seguinte: ter filho (e cuidar dele) demanda tempo, paciência, dedicação, comprometimento e responsabilidade.
Ninguém é obrigado a ter filhos. Mas se opta por ter, que entenda o quanto a figura de pai e mãe é importante. Carinho, amor, exemplo, afeto, educação de "berço", valores... tudo isso não tem babá, escola bilingue ou aplicativo de iPad que possa suprir. Não, não acho que devemos ficar colados nos filhos - seria uma contradição, até porque gosto, sim, de ter "meu espaço" no dia - mas pais e mães têm que estar disponíveis e dispostos. Pra mim, bebê precisa do cheiro dos pais, criança precisa de colo, adolescente precisa de apoio. Ninguém tá falando que a maternidade é maravilhosa o tempo todo - porque não é. Longe disso, aliás. Mas ela também não é necessária para quem não está a fim.
E pra fechar, a frase polêmica de Zygmunt Bauman em Amor Líquido: "Esta é uma época em que um filho é, acima de tudo, um objeto de consumo emocional".
“Porque
no meu tempo, pra eu chegar na escola, tinha que andar uma hora a pé”...
“Porque no meu tempo, o vô Angelim não ligava pro meu estudo, e não quis que eu
prestasse o exame de admissão”... era assim que meu pai contava o que havia
passado na infância, justamente para nos incentivar a estudar quando estávamos
no colégio. Meu avô, uma pessoa muito simples, não enxergava os benefícios que
os estudos trariam ao meu pai, que abandonou os bancos escolares aos 10 anos
para começar a trabalhar. Naquela época, década de 50, havia um exame depois da 4a. série do primário, praticamente um ‘vestibular’ – o tal exame de admissão. Só passava quem se dedicasse muito aos livros, por isso era comum que as crianças parassem de
estudar e fossem para o mercado de trabalho. Meu pai foi uma delas.
Os
tempos mudaram e... infelizmente, ainda tem muita criança que deixa a escola
para trabalhar. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), “4,3
milhões de crianças e adolescentes de cinco a 17 anos trabalham em média 26,3
horas semanais no país (...) 638.412 crianças e adolescentes de cinco a 14 anos
executam atividades econômicas ou serviços domésticos. Desse total, 41.763
crianças e adolescentes só trabalham e não estudam”. Os números fazem parte do
relatório Todas as crianças na escola em 2015 – iniciativa global pelascrianças fora da escola, e a análise foi baseada nos dados da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (Pnad/2009).
Para mudar esse cenário, a Fundação Telefonica, o UNICEF e a
OIT (Organização Internacional do Trabalho) lançaram a campanha colaborativa É da Nossa Conta! Trabalho Infantil e Adolescente. A ideia é usar da força das
redes sociais para acabar com a cultura de que “é normal” criança trabalhar – não,
definitivamente, não é! E só é possível mudar o aspecto cultural se houver o
envolvimento da sociedade, daí a importância do ‘engajamento virtual’, que
promove o diálogo e o compartilhamento de informação. Aliás, esse foi o mote
central da fala de todos os que participaram do lançamento da campanha em São
Paulo, uma das setes cidades brasileiras a receber o evento presencial (a lista tem Salvador, Teresina, Belém, Curitiba, Brasília e Fortaleza).
As ONGs Cidade Escola Aprendiz, Viração e a Repórter Brasil participam
ativamente da campanha “viralizando” o conteúdo nas redes sociais. No site da
Rede Promenino, tem muita informação importante, além de vídeos
gravados especialmente para o É da Nossa Conta. Eu estou contribuindo com este post, na blogagem coletiva proposta pela Agência Otagai e VOCÊ, ao compartilhar
este texto com outras pessoas, também ajudará ativamente esta causa.
Sejamos francos: se colocamos nos trending topics a morte de
um personagem de novela, #oioioi por que não chamamos a atenção da sociedade
para #semtrabalhoinfantil, não é mesmo? Abaixo, alguns dos vídeos da campanha - para assistir todos, clique aqui. Amei o Wellington dizendo: "Quando a gente quer, a gente faz". É isso! É da Nossa Conta!